sábado, 12 de março de 2011

Um insano a caminhar.




Chego num caminho obscuro e sombrio. Uma gélida e úmida estrada vejo em minha frente, onde não vejo nada ao redor, apenas um imenso e gélido vazio, o qual instintivamente prossigo a caminhar. Diante do medo que atormenta todo meu ser, procuro reunir forças e seguir este gélido, sombrio e solitário caminho. Mas para onde irei? Qual local tenho que chegar? Mudo, prossigo sem respostas. À medida que caminho, ouço gritos e sussurros e um frio gelado corta toda minha espinha como uma lâmina fria e afiada, paralisante, o medo enaltece em mim. Meu coração acelera os batimentos, mas mesmo assim permaneço inerte ao frio sombrio que toma conta do meu ser. Parado, prossigo minha reflexão: Qual local tenho que chegar? Para onde terei que ir? Qual o significado disto? Diante de um esforço inimaginável, sigo em frente, passo a passo na estrada gélida, úmida e obscura. Gritos e sussurros cessam, mas após alguns instantes de um silêncio cruel, em meus ouvidos surge uma aguda voz, enlouquecedora, que parece que cortou meu cérebro por inteiro, tapo meus ouvidos, mas quanto mais eu quero abafá-la mais ela se enaltece. Diante deste assombro agudo, busco forças e corro pela gélida estrada, percebo que aos poucos ela vai sumindo e o cruel silêncio se faz presente novamente, e assim caminho, ouvindo somente meus passos, sigo este assombroso caminho. Adiante, parece que vejo algo a refletir, mas ao aproximar, gritos e sussurros, e o agudo grito, retornam de uma intensidade ainda maior, e imagens de monstros e fantasmas começam a aparecer até que se tornam real. Meus batimentos aceleram, meu sangue circula mais rápido no meu corpo, minha respiração acelera, pupilas se dilatam, e eu fico em sentido de atenção diante do medo que toma conta de mim. Mas aquele reflexo que vejo me chama a atenção e observo que os monstros e fantasmas querem me impedir de chegar até ele. Percebo que ali está a resposta que preciso pra acabar com este medo e sair deste desconhecido. Com o pouco de coragem que me resta, resolvo enfrentar os monstros e fantasmas. Mas cada vez que venço um, outro surge em seu lugar, e uma voz amedrontadora me diz: você não via conseguir vencer, você não tem forças pra isso, você não irá suportar tal descoberta, desista! Mas apesar de todo medo, continuo a lutar e agora os monstros e fantasmas quando derrotados não mais retornam, e passo a passo, após sangue, e cicatrizes construídas no meu corpo, me aproximo de um objeto que reflete uma luz prateada, que quanto mais perto me aproximo, mais ela se intensifica, mas ao tocá-la, após um intenso clarão, o objeto se mostra e diante de mim um espelho se faz presente, e a imagem de mim se reflete nele.

Unheimlich


Espelho...
Frente a ele me deparo comigo mesmo
Uma angustia atormentadora toma conta de mim
Medo...
De descobrir o que sou
Fraquezas, temores, impotência.
Meus olhos sobre mim
Minha mente se atormenta
Mas não há como fugir deste encontro.

Tão estranho e tão familiar
Face a face comigo - não consigo fugir
Tão estranho e tão familiar
Com medo do que sou – não há como fugir


Reflexos
Impotência, raiva, rancor, amor
Sentimentos da humanidade dentro de mim
Tão fraco e tão forte
Um espelho despedaçado tentando se recompor
Angustia... desespero
O medo de não se reerguer
A imagem no espelho nada mais reflete
Tão forte e tão fraco
Tão humano...

Meus olhos vermelhos - o desespero acontece
Mas sigo em frente
Tão estranho e tão familiar